A Mãe terra grita por Agroecologia, Da Mãe Terra Esperança e resistência.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Homenagem ao companheiro Egídio Brunetto


Companheiros e companheiras!
A notícia do trágico falecimento do companheiro Egídio Brunetto soou com dor e nos deixou tristes. Perdemos um grande companheiro, um ser humano que teve sua trajetória marcada pela articulação da luta e da solidariedade entre os povos. 
Egídio Brunetto em protesto contra o massacre dos indígenas no Mato Grosso do Sul. Foto tirada em Campo Grande, no dia 25 de novembro de 2011, por Damarci Olivi

A Pastoral da Juventude Rural lamenta profundamente e apresenta sua solidariedade com a família de Egídio e com os companheiros e companheiras do MST e Via Campesina.
Jesus disse: “E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá.” (João 11:26). Egídio foi uma vida na crença de um projeto de sociedade justa e igualitária. Um exemplo de vida doada ao próximo, seja os “próximos” brasileiros, ou os “próximos” mais distantes como todos os demais povos latino-americanos, africanos, asiáticos, europeus. Um exemplo para a juventude. Um exemplo de cristão que permanece vivo entre nós.
Solidariamente,
Pastoral da Juventude Rural.

Do site do MST:

MST perde Egídio Brunetto, companheiro de todas as frentes de batalha.

Da Direção Nacional do MST


É com um sentimento profundo de tristeza e de grande dor, que informamos a perda do companheiro Egídio Brunetto, dirigente do MST que atuava no Mato Grosso do Sul, em um acidente na rodovia MS 164 (que liga o município de Maracaju a Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai), na tarde desta segunda-feira (28/11), quando ele se dirigia ao assentamento Itamaraty.

Egídio foi um ser humano muito especial. Filho de camponeses sem terra, trabalhou desde a infância na roça e, sempre muito esperto e indignado, envolveu-se com a pastoral da terra na região de Xanxerê, em Santa Catarina, e se transformou em militante do MST desde a década de 80.

Desde então, contribuiu com a organização do Movimento em todo o país e com as lutas dos trabalhadores rurais pela terra, pela Reforma Agrária e por transformações sociais. 

Militante exemplar, preocupava-se sempre com os cuidados de cada militante. Foi uma pessoa generosa e solidária com todos.

Egídio empunhou a bandeira do internacionalismo e da solidariedade às luta dos povos e da classe trabalhadora, responsável pela relação do Movimento com organizações camponesas na América Latina e no mundo, sendo fundador da Via Campesina Internacional (na foto, Evo Morales e Egídio)

O MST e o povo brasileiro perdem um grande companheiro e um ser humano exemplar, um guerreiro Sem Terra que andou pelo mundo, construindo alianças com a classe trabalhadora.

O grande companheiro Egídio nos deixa muitos e belos exemplos de vida, que nos motivarão a seguir o seu legado.

Com muita dor,
Direção Nacional do MST
Velório
O velório será nesta terça-feira (29/11), o dia inteiro, em Campo Grande, na secretaria do MST. O endereço é rua Juruema, 309, bairro Taquarucu;

No fim da tarde, o corpo será levado de avião para Chapecó, em Santa Catarina.

À noite, o velório será na Cooperunião, em Dionisio Cerqueira. O enterro será na manhã do dia 30.

Fonte: www.mst.org.br 

Veja as mensagens enviadas em homenagem ao companheiro Egídio: http://www.mst.org.br/Veja-as-mensagens-enviadas-em-homenagem-ao-Egidio



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Entrevista com Romário Macedo



Francisco Romário Silva de Macedo é um jovem singular. Cristão convicto e militante engajado, este cearense da Paróquia N.S Imaculada Conceição, da cidade de Quiterianópolis na Diocese de Crateús, nos conta um pouco de suas reflexões de caminhante.

Blog da PJR: Como está configurada a realidade dos jovens rurais do Ceará?
Romário: Hoje na nossa região há alguns grupos que produzem juntamente com os pais, que no final das contas dividem os lucros e despesas, e outros que começam a trabalhar no campo e por falta de incentivo do governou ou de interesse, eles começam a migrar para o sul do país para trabalhar nas empresas de gesso.  Há também migrantes para o corte de cana. Por acontecer muitas migrações está começando a chegar o problema das drogas trazidas pelos migrantes que voltam de maneira geral.

Blog da PJR: Em sua avaliação, quais os principais desafios na Evangelização da Juventude?
Romário: Buscar encontros falando da mística da nossa pastoral, e começar a relatar as problemáticas deles, que nossa pastoral pode ser um meio para eles acordarem para a vida espiritual e a convivência com a sociedade sem o uso de drogas.

Blog da PJR: Quais as motivações para o teu trabalho pastoral?
Romário: O conhecimento e a troca de experiência com os companheiros que a gente conhece. Por trabalharmos com a terra, de vermos em cada amanhecer o renascer, como o juazeiro que fica sete meses na seca e consegue permanecer verde, é muita resistência e isso inspira o trabalho.

Blog da PJR: O que é seguir Jesus Cristo hoje?
Romário: Primeiramente ver ele como um jovem camponês, que trabalhamos na PJR e CPT. Ele é o único caminho para a nossa vivencia espiritual. É um ponto de apoio para buscar forças nas nossas lutas.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Comissão para a Juventude discute sua identidade e missão



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A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB se reuniu no dia 7, em Brasília, para refletir sobre a identidade e missão da sua coordenação jovem. Em pauta, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), Jornada Mundial da Juventude e Campanha da fraternidade 2013, Dia Nacional da Juventude (DNJ).
A reunião teve a participação do presidente da Comissão, dom Eduardo Pinheiro, e dos assessores, os padres Carlos Sávio e Antonio Ramos do Prado.
“A conclusão que podemos fazer a partir desta primeira reunião é de que realmente estamos em um Kairós para a juventude na Igreja do Brasil, pois as diferenças que existem entre cada expressão, em momento algum foram barreiras para a unidade, muito pelo contrário, elas foram a riqueza da fraternidade ali vivenciada”, sublinhou um dos participantes, Francisco Antonio Crisóstomo de Oliveira.
Segundo Felix Siriani, da Articulação da Juventude Salesiana, “a reunião significou um amadurecimento no trabalho para e com a juventude”. Além das reflexões feitas pela coordenação, muito trabalho conjunto vem pela frente. Representações destes jovens em organismos como Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), Conselho Pontifício para Leigos, participação de reflexões em subsídios para juventude, fazem parte do agir da coordenação.
Membros da Coordenação Nacional de Jovens da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude
Pastorais da Juventude: Francisco Antonio Crisóstomo de Oliveira (PJ), Monique Cavalcante Benevent (PJE), Eric Souza Moura (PJMP) e Laécio Vieira (PJR)
Movimentos Eclesiais: Renato Conte Rocha (EJNS) e Lisiane Griebeler (RCC)
Congregações Religiosas: Alex Bastos (JUFRA) e Félix Fernando Siriani (AJS)
Novas Comunidades: Diogo Victor Rocha (Shalom) e Adriano Gonçalves (Canção Nova)
Adriano Gonçalves – Comunidade Canção Nova

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Descaso: no campo, mais de 37 mil escolas fechadas


Notícia publicada no Jornal O Globo/RJ, de 31.10.2011 demonstra o descaso com as escolas do campo no Brasil.

Problemas de acesso, infraestrutura e formação de professores afetam área rural, onde analfabetismo chega a 23%

Karine Rodrigues
Letícia Lins

ESCADA (PE) e RIO. "Vai reformar?"; "Quando é que as aulas começam?"; "Vai ter 6ª série?", pergunta, quase sem pausa, Heronildo José de Araújo, 11 anos, confundindo a equipe de reportagem com autoridades da prefeitura de Escada, município a 62 quilômetros da capital pernambucana. Ele vive em uma casa no Engenho Canto Escuro, em frente à Escola Municipal Tiradentes, um dos 37.776 estabelecimentos de ensino rurais do país que fecharam as portas nos últimos dez anos, segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC).

- Não gosto de viajar todos os dias para tão longe - reclama o menino, que sente enjoo no sacolejo do ônibus escolar e tem dois irmãos que também estudam muito distante de casa.

O número de escolas fechadas impressiona, mas está longe de ser o único dado que chama atenção na educação do campo, onde existem cerca de 80 mil estabelecimentos de ensino. Entre a população de 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo na zona rural chega a 23,3%, três vezes maior do que em áreas urbanas, e a escolaridade média é de 4,5 anos, contra 7,8 anos, mostra estudo de 2009 da socióloga Mônica Molina e mais dois especialistas para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

- A ausência do Estado na garantia do direito à educação se traduz na precariedade da oferta. As alterações ocorridas nos últimos dez anos foram pequenas. Os professores são mal formados, não há infraestrutura e nem material pedagógico - avalia Mônica, professora da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ela, o fechamento das escolas, em geral, resulta de expansão do agronegócio e da nucleação - quando escolas de menor porte são extintas e os alunos, transferidos para unidades mais distantes e maiores. Mônica observa ainda que as diretrizes do setor dizem que a nucleação deve ser feita após os cinco anos iniciais do ensino fundamental e, preferencialmente, em escolas situadas também no campo, e não na área urbana.

Na opinião de Mônica, as políticas públicas para o campo precisam não só vincular o desenvolvimento à educação, mas garantir outros direitos:

- Ter acesso à terra é a primeira condição para o cidadão permanecer onde está e levar os filhos para a escola. O que está causando o fechamento das escolas não é só a nucleação. As áreas rurais estão sendo engolidas pela concentração fundiária. E os pais enfrentam de tudo para as crianças estudarem.

Que o diga José dos Santos, que foi morar na periferia de Escada para garantir o estudo dos filhos. Com o fechamento da Tiradentes, este ano, os dois filhos ficaram quatro meses sem aula.

- A escola era pequena, mas servia à comunidade. Tinha 14 alunos. Era pobre, não tinha luxo, mas fechar é muita perda - lamenta a mulher de José, Edna, que, assim como o marido, estudou somente até a 4ª série e deseja bem mais para os filhos.

Com pós-doutorado em Educação, Eliane Dayse Furtado, da Universidade Federal do Ceará (UFC), também considera que a nucleação está por trás de boa parte do fechamento das escolas. Foi o que constatou ao percorrer 14 estados das cinco regiões do país em projetos de formação de educadores rurais. Na ocasião, também ouviu reclamações sobre precariedade do transporte escolar.

- Outro dia, em Redenção (CE), as crianças ficaram três semanas sem aula porque o único ônibus quebrou. E, quando chove, ele não passa - conta ela.

Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sonia de Jesus observa que, apesar dos problemas que comprometem a qualidade na educação do campo, quem mora na área rural quer frequentar a escola:

- Tem estabelecimentos sem banheiro, com paredes rachadas, sem material pedagógico. Mas, ainda assim, a população quer estudar. E há professores que, apesar dos problemas, fazem de tudo para dar aula.

Ednalva Cavalcanti, que hoje ensina 12 alunos, é assim, mas está desanimada, pois acha que a Escola Santa Rita, em Escada, está marcada para morrer: das três salas, duas estão fechadas.

- É triste ver o pessoal indo embora para dar lugar à cana - diz, informando que, em média, os alunos passam apenas três horas na escola, considerada uma das mais conservadas da área rural do município, pois tem alpendre, luz e água.

Entre 2007 e 2011, seis escolas municipais cerraram as portas em Escada, diz a secretária de Educação do município, Elizabeth Cavalcanti, explicando que a Tiradentes fechou por falta de alunos no Canto Escuro, onde O GLOBO computou, pelo menos, 20 moradias próximas:

- No engenho, só há quase adultos e adolescentes.

As três pesquisadoras ressaltam que a educação no campo é melhor nos assentamentos, por pressão e organização de movimentos sociais, como MST, que, recentemente, lançou a campanha "Fechar escola é crime".

O MEC informa que municípios, estados e DF recebem apoio técnico e financeiro por meio de várias ações e programas para educação do campo, onde estão quase 50% das escolas da educação básica do país, e diz que está elaborando um programa para implementar a Política de Educação do Campo. Destaca ainda que orienta para que a nucleação ocorra "quando realmente necessária", e dentro das diretrizes da área.